Revolução nacionalista
Sun Yat-sen, primeiro presidente da República de China e fundador do Kuomintang.
O médico Sun Yat-sen, que criara em 1905 na cidade de Hong-Kong, o Kuomintang (Partido Nacionalista), de orientação republicana, foi um dos mais importantes líderes desse movimento, que teve apoio massivo de antigos participantes da Reforma dos Cem Dias, políticos liberais, estudantes e militares. Inspirado pelos Três Princípios do Povo – nacionalismo, democracia e sustento do povo – o movimento de Sun Yat-sen buscava uma ampla mobilização popular através de um discurso de teor patriótico: suas exigências eram a queda da dinastia Qing e a expulsão imediata de todos os estrangeiros que se apossavam das riquezas do país.
Os acontecimentos que levaram à queda da dinastia Qing, a chamada Revolução de Xinhai, desenvolveram-se entre 10 de Outubro de 1911, data em que se produziu a insurreição conhecida como Revolta de Wuchang. Rapidamente, conseguindo o apoio político de outras províncias, eclodiu-se diversas revoltas ao longo do país.
República da China
Yuan Shikai, confirmado presidente em 1913, instaura uma verdadeira ditadura militar com o apoio das potências, que, para salvaguardar seus privilégios, tutelam o novo regime, através de um empréstimo que lhes garante, em troca, o controle da arrecadação do imposto do sal, a exploração das ferrovias e das riquezas minerais do país. A Revolução, que começara como reação ao estrangeiro, termina por significar a consolidação de seus privilégios.
Yuan Shikai.
Durante a I Guerra Mundial agravam-se os problemas chineses. Em 1914, o Japão declara guerra à Alemanha e viola a neutralidade da China; em 1915, apresenta as “Vinte e Uma Exigências” que, é apenas parcialmente aceita por Pequim, desmoralizam o governo, que julga propicia a hora para restaurar o Império. De dezembro de 1915 a março de 1916, Yuan Shikai ostenta titulo de Imperador, mas é obrigado a abandonar o trono devido à forte oposição; conserva o cargo de presidente até sua morte em junho de 1916.
Entretanto, um golpe militar em Cantão faz com que Sun Yat-sen exerça novamente a presidência. Mas a situação do governo central estava muito deteriorada, visto que, o governo de Sun não controlava mais do que uma porção reduzida do território. O controle das outras regiões deslocou-se para as tradicionais elites rurais, que se agrupavam em torno de chefes militares. Várias províncias reivindicavam autonomia, e determinados territórios foram retalhados em “feudos” independentes. Os chefes militares locais (os chamados “senhores da guerra”) lutavam constantemente entre si e impunham todo tipo de arbitrariedades ao povo, como impostos e paralisação de colheitas e trabalhos públicos.
Em 1917, a China declara guerra à Alemanha na esperança de contar com a colaboração das potências imperialistas no período pós-guerra para que renunciassem às suas esferas de influências no país, que as tropas estrangeiras fossem retiradas, e que lhes fossem devolvidas as concessões e territórios arrendados. No entanto, a Paz de Versalhes lhe é desfavorável, pois as demandas chinesas para por fim ao estatuto semicolonial em que a China se encontrava não foram aceitas; o que provoca violenta agitação em todo o país, e a recusa do tratado. O Movimento do Quatro de Maio, anti-imperialista e anti-feudal, com o qual o proletariado chinês passa a aparecer no movimento político do país, possibilitou a propagação do marxismo-leninismo e sua combinação com a prática da revolução chinesa, preparando a ideologia e os dirigentes para a fundação do Partido Comunista da China.
Estudantes reunidos em Pequim durante o Movimento Quatro de Maio
Em 1922, os Tratados das Nove Potências asseguravam reconhecer a integridade territorial da China, que, em troca, deveria manter a política de portas abertas. Internamente, a nação sofre, depois de 1920, os efeitos da guerra civil, dirigida pelos “senhores da guerra”, que possuíam enorme poder nas províncias e controlavam, juntamente com outros grandes proprietários de terra, cerca de 88% das áreas produtivas. Em 1924, Sun Yat-sen reorganiza o Kuomintang, e nesse ano, Chiang Kai-shek, no comando da Academia Militar de Whampoa prepara, com a colaboração de oficiais alemães e soviéticos, o Exército Nacional Revolucionário.
Revolução comunista
A Primeira Frente Unida e o Massacre de Xangai:
A vitória da Revolução Russa em 1917, influenciou na criação do Partido Comunista Chinês (PCC), cujos principais fundadores foram o intelectual Chen Duxiu, o educador Peng-Pai e o ativista político Mao Tse-tung.
Em 1924, Sun Yat-sen, precursor da revolução democrática e fundador do Kuomintang, começou a cooperar ativamente com o Partido Comunista, formando a Primeira Frente Unida, organizando as massas operárias e camponesas para a Expedição do Norte. Após o falecimento de Sun Yat-sen, seu sucessor, Wang Jingwei, enfrentava atritos com o líder militar Chiang Kai-shek, que se vinculara a um velho aliado das potências estrangeiras, Zhan Jing-jiang, o banqueiro de Xangai. O grupo direitista do Kuomintang, com Chiang Kai-shek como representante, passa a controlar o Partido Nacional do Povo. Disposto a submeter os chefes militares locais e impor-se ao país todo, Chiang Kai-shek contou com a colaboração dos comunistas em suas campanhas militares de reunificação da China, empreendidas entre 1925 e1928. O apoio do Kuomintang era uma orientação da Internacional Comunista, que havia aclamado Chiang Kai-shek como um de seus dirigentes honorários – apesar do anticomunismo do líder chinês. O PCC aceitou disciplinadamente essa decisão. No entanto, o PCC apresentava algumas divisões internas. Alguns achavam que a revolução seria feita a partir das cidades, tendo como núcleo a classe operária. Por sua vez, Mao Tse-tung e outros dirigentes consideravam que a revolução deveria partir dos camponeses, maioria absoluta da população.
O Generalíssimo Chiang Kai-shek em março de 1945.
Em março de 1927, uma rebelião de trabalhadores em Xangai, liderada especialmente por comunistas, permite a tomada da cidade como parte da Expedição do Norte. O exército do Kuomintang chega após o fato, encontrando Xangai nas mãos dos trabalhadores e dos comunistas. Em abril, sentindo-se mais seguro no poder, Chiang Kai-shek ordena o massacre dos comunistas em Xangai e em outras cidades. Com o objetivo de neutralizar a influência dos comunistas no KMT, Chiang Kai-shek rompe com a Primeira Frente Unida pela violência, operando uma ofensiva brutal, que resultou em 300 mortes e cerca de 5.000 oficiais "desaparecidos”. O expurgo generalizado é decretado contra os comunistas dentro do Kuomintang. A ruptura com o Comintern é consumida: os conselheiros soviéticos do Kuomintang devem gradualmente deixar o país, e abandonam os comunistas chineses à sua sorte. No início, a atitude de Chiang provocou uma divisão do KMT. O KMT “de esquerda”, dirigido pelo sucessor de Sun Yat-sen, Wang Jingwei, formou um governo “opositor” em Wuhan. Os comunistas o apoiaram, e entraram nesse governo. Entretanto, em julho, Wang Jingwei, impotente em frente de Chiang, por sua vez, rompe com os comunistas e apoia o governo em Nanquim. A guinada desconcertou a Internacional Comunista.
O Levante comunista e a Longa Marcha:
Mapa da Longa Marcha das forças de Mao.
O Kuomintang estava pressionado por todos os lados: invasão japonesa, pressão internacional e a expansão célere do PCC no campo. Em 1934, os nacionalistas (Kuomintang) organizaram uma massiva campanha militar para acabar com o avanço do PCC. Fugindo das tropas do Kuomintang, os cem mil homens de Mao percorreram dez mil quilômetros a pé. Episódio conhecido como A Longa Marcha (1934-1935). A Longa Marcha pode ser entendida a partir dos seguintes pontos de vista:
• Como uma fuga: O PCC, de fato, estava fugindo das tropas nacionalistas que o perseguiam em todos os lugares. Chefes militares denunciavam a presença de comunistas
• Como uma propaganda: Ao passo que o PCC fugia do Kuomintang, ia deixando em seu encalço os ideais revolucionários comunistas, que proporcionaram a adesão das massas ao movimento.
Ao fim da marcha, apenas nove mil comunistas haviam sobrevivido. Muitos morreram de fome, frio, doenças ou mesmo mortos por nacionalistas.
Ao voltar à base comunista no leste do país, Mao foi condecorado como líder dos vermelhos, sendo escolhido para secretário geral do PCC.
Ao fim da marcha, apenas nove mil comunistas haviam sobrevivido. Muitos morreram de fome, frio, doenças ou mesmo mortos por nacionalistas.
Ao voltar à base comunista no leste do país, Mao foi condecorado como líder dos vermelhos, sendo escolhido para secretário geral do PCC.
República popular da China
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